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Possível imposição de tarifas pelos EUA preocupa setor agropecuário brasileiro

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Lideranças do agronegócio brasileiro estão preocupadas com a possibilidade de os Estados Unidos imporem tarifas sobre produtos agropecuários do Brasil, seguindo uma política protecionista já adotada em relação a outros países. A medida pode impactar setores estratégicos, como açúcar, etanol e carne bovina, afetando a competitividade dos produtos brasileiros no mercado internacional e exigindo uma resposta diplomática firme para evitar prejuízos ao setor.

Entre os pontos de atrito está a antiga disputa entre Brasil e Estados Unidos envolvendo açúcar e etanol. O Brasil busca ampliar a cota de exportação de açúcar isento de impostos para o mercado norte-americano, enquanto os Estados Unidos reivindicam há anos a redução da tarifa de 18% aplicada ao etanol importado pelo Brasil. Para o presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), deputado federal Pedro Lupion, trata-se de uma questão de longa data que dificilmente será revertida. “É uma briga antiguíssima. Não há previsão nenhuma de que se reverta, lembrando que é perfil dos americanos o protecionismo sobre o seu mercado”, afirmou.

O deputado destacou que o governo brasileiro precisará estar bem preparado para negociações com os Estados Unidos. Questionado sobre a capacidade de diálogo entre o presidente Lula e Donald Trump, Lupion enfatizou que o cenário exige tratativas entre os dois líderes. “Ele (Trump) está lá e o Lula está aqui. Não há previsão disso mudar tão logo. Então, eles vão ter que sentar e negociar. São duas potências produtivas que têm protagonismo nas Américas e precisam encontrar um caminho. É uma questão de mercado e uma negociação bilateral terá que acontecer”, explicou.

Entre as demandas do setor agropecuário brasileiro, Lupion citou a ampliação da cota de carne bovina exportada aos Estados Unidos sem imposto, atualmente limitada a 65 mil toneladas, além de uma maior flexibilização na exportação de açúcar. Segundo ele, essas questões podem entrar em pauta como contrapartidas em eventuais negociações. “Do mesmo jeito que a gente pede, eles também pedem. Pode ser que surjam necessidades dos americanos aqui no Brasil que nos deem oportunidades lá. Há oportunidades e ameaças em cada negociação”, avaliou.

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O presidente da FPA também alertou para os impactos de um governo norte-americano mais protecionista e destacou a postura combativa de Trump. “Mas eles não vão querer romper todas as relações ou criar problemas comerciais com países que são potenciais aliados dos americanos, independentemente da questão ideológica do presidente. Eles também precisam da gente, então será uma questão de adaptação ao mercado e organização”, ressaltou, mencionando a forte presença de empresas brasileiras na produção de carne nos Estados Unidos.

Lupion lembrou ainda que há precedentes de disputas comerciais entre os dois países, citando casos como os do algodão, do camarão e do suco de laranja. “Acho que terá tarifas. Não é nada imprevisível, pois já tivemos problemas comerciais com os Estados Unidos em vários momentos”, afirmou após uma reunião com o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro.

Diante desse cenário, o parlamentar alertou para a necessidade de acompanhamento atento das movimentações norte-americanas. “Precisamos estar muito atentos a essa questão, mas não imagino que não haja algum tipo de represália dos Estados Unidos”, concluiu.

Imagem: assessoria

O presidente do Instituto do Agronegócio (IA), Isan Rezende (foto) também manifestou preocupação com a possiblidade de Trump taxar produtos brasileiros. “A taxação de produtos agropecuários por parte dos Estados Unidos é uma preocupação real para o Brasil, pois afeta diretamente a competitividade do nosso agronegócio. Temos um setor altamente produtivo e eficiente, que conquistou espaço no mercado internacional graças à sua qualidade e capacidade de abastecimento. No entanto, barreiras protecionistas como essa podem comprometer nossas exportações, prejudicando produtores, cooperativas e toda a cadeia produtiva que depende dessas transações”, comentou.

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“O Brasil já enfrenta desafios comerciais históricos com os Estados Unidos, como as disputas sobre açúcar, etanol e carne bovina. Essas restrições, quando aplicadas unilateralmente, distorcem o mercado e criam dificuldades para os nossos exportadores. Precisamos garantir que haja uma negociação equilibrada e que os interesses brasileiros sejam defendidos com firmeza, para evitar prejuízos ao setor agropecuário e ao próprio desenvolvimento econômico do país”, salientou Rezende.

Para Isan, o governo deve agir de maneira estratégica, fortalecendo o diálogo diplomático e buscando acordos que protejam nossos produtores. “O agronegócio brasileiro é um dos mais importantes do mundo e não pode ser prejudicado por medidas protecionistas injustas. O Brasil tem um papel fundamental na segurança alimentar global, e qualquer tentativa de limitar nosso acesso ao mercado norte-americano precisa ser enfrentada com firmeza e inteligência”, encerrou

O setor agropecuário brasileiro segue acompanhando de perto as movimentações políticas e econômicas que possam impactar suas exportações, especialmente no mercado norte-americano, um dos mais estratégicos para os produtores nacionais.

Fonte: Pensar Agro

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O impacto do Canal do Paraná para a logística de exportação

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Mais uma preocupação para o agronegócio brasileiro: a recente declaração do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre a intenção de retomar o controle do Canal do Panamá. A possibilidade de o canal mudar de mãos trouxe à tona discussões significativas no cenário geopolítico e econômico internacional.

Para o Brasil, país com forte dependência do agronegócio e do comércio exterior, essa eventual mudança na administração do canal pode ter implicações diretas na logística e competitividade de suas exportações.

Inaugurado em 1914, o Canal do Panamá é uma via estratégica que conecta os oceanos Atlântico e Pacífico, reduzindo consideravelmente o tempo e os custos de transporte marítimo. Para o Brasil, especialmente para os portos das regiões Norte e Nordeste, o canal oferece uma rota mais curta para mercados asiáticos.

Por exemplo, a distância entre Belém (PA) e Xangai, via Canal do Panamá, é de aproximadamente 20,4 mil quilômetros, enquanto a rota pelo Cabo da Boa Esperança soma cerca de 22,4 mil quilômetros, uma diferença de 2 mil quilômetros que pode resultar em economia de combustível e aumento no número de viagens anuais.

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Contudo, apesar dessa vantagem geográfica, as altas tarifas de passagem pelo canal, que variam entre US$ 80 mil e US$ 300 mil por navio, têm sido um fator limitante para o aumento da utilização dessa rota pelo Brasil. Em 2024, o país movimentou 3,4 milhões de toneladas pelo Canal do Panamá, ocupando a 15ª posição no ranking global. Em contraste, os Estados Unidos lideraram com 157 milhões de toneladas no mesmo período.

Em dezembro de 2024, Donald Trump afirmou que os Estados Unidos deveriam retomar o controle do Canal do Panamá, alegando que as taxas cobradas eram “exorbitantes” e que o canal estaria “caindo em mãos erradas”, referindo-se à suposta influência chinesa na região. O presidente panamenho, José Raúl Mulino, respondeu prontamente, negando qualquer controle estrangeiro sobre o canal e afirmando que ele é parte do “patrimônio inalienável” do país.

Essas declarações geraram tensões diplomáticas e preocupações sobre possíveis impactos no comércio internacional. Para o Brasil, mudanças na administração do canal ou alterações nas políticas tarifárias podem afetar diretamente a logística de exportação, especialmente de commodities agrícolas destinadas ao mercado asiático.

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O agronegócio é um dos pilares da economia brasileira, e a eficiência logística é crucial para manter a competitividade no mercado global. Tarifas mais competitivas no Canal do Panamá poderiam fortalecer as exportações via Arco Norte, reduzindo custos e tempos de transporte para a Ásia e a costa oeste dos Estados Unidos. Por outro lado, restrições de acesso ou aumentos nas tarifas podem comprometer essa eficiência, exigindo a busca por rotas alternativas, como o contorno pelo Cabo da Boa Esperança, que aumenta a distância e os custos.

Além disso, eventos climáticos, como a seca histórica que afetou o canal em 2024, podem restringir o tráfego marítimo e impactar ainda mais a logística global. Nesses cenários, o Brasil precisa estar preparado para adaptar suas estratégias de exportação, buscando diversificar rotas e mercados para mitigar possíveis impactos negativos.

Fonte: Pensar Agro

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